Por que 1 em cada 4 jovens não conclui o Ensino Médio no Brasil: ‘Trabalho desde os 15’

Aos 19 anos, Agatha Barroso Nunes ainda sente as consequências do abandono escolar. “Larguei o Ensino Médio no segundo ano porque não conseg...

Aos 19 anos, Agatha Barroso Nunes ainda sente as consequências do abandono escolar. “Larguei o Ensino Médio no segundo ano porque não conseguia ir à escola. Era um desafio enorme enfrentar minha ansiedade e depressão todos os dias”, relata.

Reprodução

A paranaense deixou os estudos em 2022, aos 16 anos, após se mudar de Maringá para Sarandi e ser matriculada em uma escola que passaria à gestão cívico-militar. Jovem trans, ela conta que teve dificuldade de adaptação e enfrentou desentendimentos com colegas por suas posições progressistas. “Eu passava muito mal sempre que ia. Parei de ir. Minha mãe ficou irritada, mas era insustentável.”

A história de Agatha reflete a realidade de muitos jovens brasileiros: um em cada quatro, até 19 anos, ainda não concluiu o Ensino Médio. Apesar do avanço na taxa de conclusão de 54,5% em 2015 para 74,3% em 2025 o índice ainda está abaixo do Ensino Fundamental, que alcançou 88,6% no dado mais recente.

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Os números fazem parte de um estudo do Todos Pela Educação, com base na Pnad Contínua, divulgado à BBC News Brasil. O levantamento chega em um momento de debates sobre o Plano Nacional de Educação (PNE) 2025-2035.

Desafios acumulados

Especialistas apontam que muitos estudantes chegam ao Ensino Médio com lacunas e atrasos, resultado de reprovações e do acesso recente à universalização no Ensino Fundamental. “A escolaridade dos pais é menor, o que influencia no ambiente familiar e na aprendizagem”, observa Claudia Costin, ex-diretora global de educação do Banco Mundial.

Mesmo assim, ela destaca o avanço da última década, impulsionado pela percepção crescente de que o Ensino Superior é possível — e vantajoso. Brasileiros com diploma universitário ganham, em média, 148% a mais que aqueles com apenas o Ensino Médio, segundo a OCDE.

Desigualdades persistentes

O recorte por renda revela um abismo: entre os 20% mais ricos, a taxa de conclusão saltou para 94,2% em 2025; entre os 20% mais pobres, chegou a 60,4%. Embora a diferença tenha diminuído, levaria 23 anos para ricos e pobres alcançarem o mesmo patamar, se nada mudar.

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A necessidade de trabalhar pesa especialmente sobre os jovens mais pobres. Foi o caso do recifense Henry Gaudêncio, que deixou a escola no primeiro ano do Ensino Médio. “Eu estudava em escola integral, mas com a separação dos meus pais precisei trabalhar. Fui garçom, bartender, auxiliar administrativo”, lembra ele, hoje com 21 anos.

A desigualdade também se manifesta por gênero com meninas mantendo maiores taxas de conclusão e por raça. Em 2025, 81,7% dos estudantes brancos e amarelos concluíram o Ensino Médio na idade certa, contra 69,5% de pretos, pardos e indígenas.

Avanços regionais

Nordeste e Norte registraram crescimento acelerado:Nordeste: de 63,6% (2015) para 84,8% (2025),
Norte: de 66,5% para 82,5% no mesmo período.

O ensino integral no Nordeste e iniciativas como os centros de mídias no Amazonas contribuíram para esse salto.

Caminhos para mudar o cenário

Para especialistas, ampliar o ensino integral e valorizar a carreira docente são passos essenciais. Programas como o Pé de Meia, que concede auxílio financeiro aos alunos do Ensino Médio, devem ajudar a reduzir a evasão por necessidade de trabalhar.

O Novo Ensino Médio, com carga horária ampliada e itinerários formativos, passa a ser obrigatório em 2026 e deve aumentar o vínculo dos jovens com a escola.
Novas oportunidades

Apesar das dificuldades, nem Agatha nem Henry encerraram suas trajetórias educacionais ao abandonar a escola. Ambos recorreram ao Encceja, exame que certifica a conclusão da educação básica.

Agatha fez a prova em 2024 e aguarda o resultado. “Ver que muitas vagas exigiam Ensino Médio concluído sempre me travou. Me formar é libertador.”

Henry concluiu o Encceja em 2023, entrou no Prouni, começou a trabalhar em um cartório e hoje cursa Odontologia. “O estudo mudou minha vida. Hoje posso viajar, comprar um lanche… coisas que antes eu não podia. É pouco, mas representa uma perspectiva de futuro.”

Fonte: Agência Brasil.

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