Gordura no fígado vira alerta mundial: o que já sabemos sobre a doença que avança em silêncio
A esteato-hepatite não alcoólica ou metabólica (EHNA) desponta como uma das doenças mais negligenciadas da atualidade. Reprodução Uma pressã...
https://www.diariosobralense.com/2025/11/gordura-no-figado-vira-alerta-mundial-o.html?m=0
A esteato-hepatite não alcoólica ou metabólica (EHNA) desponta como uma das doenças mais negligenciadas da atualidade.
Uma pressão incômoda no lado superior direito do abdômen, sensação de estufamento após as refeições, cansaço frequente e lapsos de concentração. Muitos associam esses sinais ao estresse ou à alimentação, mas, em grande parte dos casos, o verdadeiro problema está no fígado já aumentado e inflamado.
A esteato-hepatite não alcoólica ou metabólica (EHNA) desponta como uma das doenças mais negligenciadas da atualidade. Trata-se de uma inflamação provocada pelo acúmulo de gordura no fígado, geralmente relacionada ao estilo de vida. Antes concentrada nos Estados Unidos e na Europa, ela vem ganhando força também na Índia e em países emergentes. Especialistas alertam que o avanço acelerado da doença pode pressionar sistemas de saúde em todo o mundo.
O que é a esteato-hepatite não alcoólica
A EHNA representa a forma mais agressiva da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Ela se instala quando a gordura infiltrada no fígado provoca inflamação crônica. À medida que o dano se prolonga, células hepáticas começam a morrer. O órgão tenta se regenerar, mas substitui as células funcionais por tecido conjuntivo um processo chamado fibrogênese.
Essa cicatrização inicial não causa sintomas, mas, com o tempo, compromete o fluxo sanguíneo e prejudica o funcionamento do fígado. Em estágios avançados, a estrutura do órgão se altera: ele encolhe, adquire aspecto nodular e perde progressivamente suas funções, evoluindo para cirrose. Nessa fase, surgem complicações graves, como insuficiência hepática, sangramentos, acúmulo de líquido no abdômen (ascite) e maior risco de câncer hepático.
Como a doença é diagnosticada
A EHNA costuma evoluir silenciosamente. Sintomas como fadiga, dor abdominal vaga, queda no desempenho diário ou variações de peso passam despercebidos. Muitas vezes, alterações nos exames de sangue especialmente nos níveis das enzimas hepáticas são o primeiro sinal de alerta, descoberto em consultas de rotina.
Métodos de imagem, como ultrassom e Fibroscan, ajudam a avaliar o tamanho do fígado e sua rigidez, indicando a presença de fibrose. Já o diagnóstico definitivo costuma depender de uma biópsia hepática. Por isso, muitos pacientes só descobrem a doença quando o dano já está avançado.
Um problema ligado ao estilo de vida
A EHNA afeta principalmente pessoas com sobrepeso: entre 70% e 80% dos pacientes têm obesidade. Diabetes tipo 2, hipertensão e predisposição genética também figuram entre os fatores de risco.
A doença costuma surgir da combinação entre alimentação inadequada, sedentarismo e consumo calórico acima do necessário cenário agravado pelo alto consumo de açúcar e gorduras saturadas. Esse conjunto favorece a resistência à insulina, levando o corpo a acumular gordura nas células do fígado.
Uma doença de impacto global
Nos Estados Unidos, estima-se que 6,5% dos adultos entre 9 e 15 milhões de pessoas tenham EHNA, e o número continua crescendo. Na Índia, estudos recentes indicam que 30% a 38% da população já apresenta algum grau de esteatose hepática, impulsionada pela obesidade, pelo sedentarismo e pelo aumento dos casos de diabetes.
Na Europa, a prevalência varia entre 6% e 18%. América Latina, Oriente Médio e Norte da África registram índices acima de 12%. Já no restante do continente africano, embora a doença ainda seja menos comum, a urbanização tem elevado os números.
Como é feito o tratamento
Medicamentos costumam ser reservados para casos específicos. A primeira linha de tratamento envolve mudanças no estilo de vida: prática regular de exercícios, alimentação rica em fibras e pobre em açúcares e gorduras, além da redução de peso.
Estratégias alimentares como o jejum intermitente e a dieta 5:2 que restringe severamente as calorias em dois dias da semana mostram efeitos positivos tanto para o controle da esteatose hepática quanto para a prevenção da EHNA.
Novo remédio aprovado na Europa
Em meados deste ano, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou uma autorização condicional para o Rezdiffra, o primeiro medicamento indicado para adultos com EHNA. O tratamento deve ser associado a dieta equilibrada e exercícios físicos.
O resmetirom, princípio ativo do remédio, age ativando um receptor específico do hormônio tireoidiano no fígado, reduzindo a gordura acumulada, a inflamação e a fibrose.
A decisão da EMA se baseou em resultados preliminares de um estudo avançado com 917 pacientes. Após um ano, 30% dos pacientes que tomaram 100 mg do medicamento tiveram resolução da doença sem piora da fibrose contra 10% no grupo placebo. Outra parcela de 29% registrou melhora significativa na fibrose hepática. Os efeitos colaterais mais comuns foram diarreia, náusea e coceira, mas o tratamento foi considerado bem tolerado.
A autorização é condicional, destinada a medicamentos que atendem a necessidades médicas urgentes mesmo antes da conclusão total dos estudos. A fabricante deve apresentar novos dados conforme as pesquisas em andamento forem finalizadas.
Fonte: G1.
![]() |
| Reprodução |
Uma pressão incômoda no lado superior direito do abdômen, sensação de estufamento após as refeições, cansaço frequente e lapsos de concentração. Muitos associam esses sinais ao estresse ou à alimentação, mas, em grande parte dos casos, o verdadeiro problema está no fígado já aumentado e inflamado.
A esteato-hepatite não alcoólica ou metabólica (EHNA) desponta como uma das doenças mais negligenciadas da atualidade. Trata-se de uma inflamação provocada pelo acúmulo de gordura no fígado, geralmente relacionada ao estilo de vida. Antes concentrada nos Estados Unidos e na Europa, ela vem ganhando força também na Índia e em países emergentes. Especialistas alertam que o avanço acelerado da doença pode pressionar sistemas de saúde em todo o mundo.
O que é a esteato-hepatite não alcoólica
A EHNA representa a forma mais agressiva da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Ela se instala quando a gordura infiltrada no fígado provoca inflamação crônica. À medida que o dano se prolonga, células hepáticas começam a morrer. O órgão tenta se regenerar, mas substitui as células funcionais por tecido conjuntivo um processo chamado fibrogênese.
Essa cicatrização inicial não causa sintomas, mas, com o tempo, compromete o fluxo sanguíneo e prejudica o funcionamento do fígado. Em estágios avançados, a estrutura do órgão se altera: ele encolhe, adquire aspecto nodular e perde progressivamente suas funções, evoluindo para cirrose. Nessa fase, surgem complicações graves, como insuficiência hepática, sangramentos, acúmulo de líquido no abdômen (ascite) e maior risco de câncer hepático.
Como a doença é diagnosticada
A EHNA costuma evoluir silenciosamente. Sintomas como fadiga, dor abdominal vaga, queda no desempenho diário ou variações de peso passam despercebidos. Muitas vezes, alterações nos exames de sangue especialmente nos níveis das enzimas hepáticas são o primeiro sinal de alerta, descoberto em consultas de rotina.
Métodos de imagem, como ultrassom e Fibroscan, ajudam a avaliar o tamanho do fígado e sua rigidez, indicando a presença de fibrose. Já o diagnóstico definitivo costuma depender de uma biópsia hepática. Por isso, muitos pacientes só descobrem a doença quando o dano já está avançado.
Um problema ligado ao estilo de vida
A EHNA afeta principalmente pessoas com sobrepeso: entre 70% e 80% dos pacientes têm obesidade. Diabetes tipo 2, hipertensão e predisposição genética também figuram entre os fatores de risco.
A doença costuma surgir da combinação entre alimentação inadequada, sedentarismo e consumo calórico acima do necessário cenário agravado pelo alto consumo de açúcar e gorduras saturadas. Esse conjunto favorece a resistência à insulina, levando o corpo a acumular gordura nas células do fígado.
Receba notícias do Diário Sobralense no Facebook, Instagram,Threads e X, e fique por dentro de tudo!
Mas a EHNA não é exclusiva de pessoas obesas. Indivíduos magros, mas com alto percentual de gordura corporal, pouca atividade física ou histórico familiar também estão vulneráveis. Alta ingestão de frutose, níveis elevados de lipídios e diabetes tipo 2 aumentam ainda mais o risco. Homens, adultos de meia-idade e moradores de áreas urbanas compõem os grupos mais afetados.
Mas a EHNA não é exclusiva de pessoas obesas. Indivíduos magros, mas com alto percentual de gordura corporal, pouca atividade física ou histórico familiar também estão vulneráveis. Alta ingestão de frutose, níveis elevados de lipídios e diabetes tipo 2 aumentam ainda mais o risco. Homens, adultos de meia-idade e moradores de áreas urbanas compõem os grupos mais afetados.
Uma doença de impacto global
Nos Estados Unidos, estima-se que 6,5% dos adultos entre 9 e 15 milhões de pessoas tenham EHNA, e o número continua crescendo. Na Índia, estudos recentes indicam que 30% a 38% da população já apresenta algum grau de esteatose hepática, impulsionada pela obesidade, pelo sedentarismo e pelo aumento dos casos de diabetes.
Na Europa, a prevalência varia entre 6% e 18%. América Latina, Oriente Médio e Norte da África registram índices acima de 12%. Já no restante do continente africano, embora a doença ainda seja menos comum, a urbanização tem elevado os números.
Como é feito o tratamento
Medicamentos costumam ser reservados para casos específicos. A primeira linha de tratamento envolve mudanças no estilo de vida: prática regular de exercícios, alimentação rica em fibras e pobre em açúcares e gorduras, além da redução de peso.
Estratégias alimentares como o jejum intermitente e a dieta 5:2 que restringe severamente as calorias em dois dias da semana mostram efeitos positivos tanto para o controle da esteatose hepática quanto para a prevenção da EHNA.
Novo remédio aprovado na Europa
Em meados deste ano, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou uma autorização condicional para o Rezdiffra, o primeiro medicamento indicado para adultos com EHNA. O tratamento deve ser associado a dieta equilibrada e exercícios físicos.
O resmetirom, princípio ativo do remédio, age ativando um receptor específico do hormônio tireoidiano no fígado, reduzindo a gordura acumulada, a inflamação e a fibrose.
A decisão da EMA se baseou em resultados preliminares de um estudo avançado com 917 pacientes. Após um ano, 30% dos pacientes que tomaram 100 mg do medicamento tiveram resolução da doença sem piora da fibrose contra 10% no grupo placebo. Outra parcela de 29% registrou melhora significativa na fibrose hepática. Os efeitos colaterais mais comuns foram diarreia, náusea e coceira, mas o tratamento foi considerado bem tolerado.
Leia também:
A autorização é condicional, destinada a medicamentos que atendem a necessidades médicas urgentes mesmo antes da conclusão total dos estudos. A fabricante deve apresentar novos dados conforme as pesquisas em andamento forem finalizadas.
Fonte: G1.




