Cerâmica da Alegria, em Ipu, é reconhecida como patrimônio cultural do Ceará

A técnica, que atravessa séculos e tem origem entre os povos Tabajara, é marcada pela forte presença feminina. Reprodução A tradição centená...

A técnica, que atravessa séculos e tem origem entre os povos Tabajara, é marcada pela forte presença feminina.

Reprodução

A tradição centenária da produção artesanal de cerâmica na Comunidade da Alegria, em Ipu, ganhou novo status no cenário cultural do Ceará. A prática foi oficialmente registrada como “Bem de Destacada Relevância Histórica e Cultural do Estado”, conforme a Lei nº 19.458, sancionada pelo governador Elmano de Freitas e publicada no Diário Oficial em setembro.

A técnica, que atravessa séculos e tem origem entre os povos Tabajara, é marcada pela forte presença feminina. As chamadas oleiras transformam o barro em utensílios e peças ornamentais, mantendo vivos saberes transmitidos de geração em geração desde os séculos XVI e XVII. Hoje, a atividade sustenta diretamente 15 famílias e segue como uma das principais fontes de renda local.

No galpão comunitário da Alegria, 12 mulheres comandam a modelagem e decoração das peças, enquanto os homens contribuem com o trabalho de coleta do barro e da lenha utilizada na queima. “É um ofício pesado, mas gratificante. Só quem tem coragem consegue seguir”, relata Franciner Fortuna, 65 anos, ceramista que começou no ofício ainda criança, incentivada pela mãe.

Para a artesã Maria Clara Alves, 42, a cerâmica representa identidade e sobrevivência. “Foi através das minhas peças que construí minha vida. Tudo é feito à mão, sem máquinas. Mas os jovens não querem aprender, porque exige muito esforço. Isso preocupa, porque a tradição corre o risco de desaparecer”, lamenta.

Apesar dos desafios, especialistas veem no reconhecimento um passo importante para valorizar a cultura popular e projetar a arte local em novas dimensões. O professor Tiago Cavalcante, do Departamento de Geografia da UFC, destaca que a inclusão da Alegria no patrimônio cultural cearense pode atrair visitantes, fomentar a economia e despertar interesse das novas gerações. “Esse tipo de reconhecimento tira práticas históricas do esquecimento e as insere em escalas mais amplas, inclusive globais”, avalia.

Neste ano, a cerâmica da Alegria também conquistou o selo de Indicação Geográfica (IG), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O título reforça o prestígio da produção local, que agora integra o grupo de produtos brasileiros de referência regional.

Assim, entre tradição e inovação, a arte do barro moldada em Ipu segue como símbolo da resistência cultural do Ceará e ganha novas perspectivas de valorização e permanência.

Fonte: Sistema Paraíso

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