Fortaleza recebe debate global sobre dados, desigualdade e desenvolvimento na era digital
O evento, pretende discutir indicadores fundamentais para o avanço de políticas de vários serviços públicos Reprodução Com a presença de esp...

https://www.diariosobralense.com/2025/06/fortaleza-recebe-debate-global-sobre.html
O evento, pretende discutir indicadores fundamentais para o avanço de políticas de vários serviços públicos
Com a presença de especialistas de mais de 30 países, Fortaleza sediará, entre os dias 11 e 13 de junho, o Triplo Fórum Internacional de Governança do Sul Global, no Centro de Eventos do Ceará na avenida Washington Soares, 999, no bairro Edson Queiroz. O evento, organizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o governo do Ceará e apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), pretende discutir indicadores fundamentais para o avanço de políticas públicas em saúde, educação, trabalho, meio ambiente e desigualdade. A participação é gratuita, e as inscrições seguem abertas até 8 de junho.
O encontro marca um momento importante na trajetória do IBGE, que completou 89 anos em maio e atualmente se destaca pela articulação internacional e pela liderança em processos de modernização estatística. De acordo com o presidente da instituição, Marcio Pochmann, o fórum será um espaço estratégico para debater os desafios que envolvem a integração de dados e a soberania informacional dos países em desenvolvimento, especialmente diante do avanço das tecnologias digitais e do domínio de big techs estrangeiras sobre informações sensíveis.
Pochmann destaca que o Brasil tem um papel fundamental nesse debate por dispor de uma das maiores e mais capilares estruturas estatísticas do mundo. O IBGE conta com cerca de 11 mil servidores, 566 agências e 27 superintendências espalhadas pelo território nacional. Além disso, atua como coordenador do Sistema Nacional Geoestatístico, com potencial para integrar dados de diferentes áreas, como saúde (DataSUS), assistência social (CadÚnico) e dados fiscais.
O fórum terá mais de cem conferencistas e discutirá cerca de 35 temas centrais, desde o impacto da digitalização sobre o trabalho juvenil até a reorganização dos direitos no ambiente doméstico, frequentemente invisibilizados nos sistemas tradicionais de mensuração. Questões ambientais, urbanas e demográficas, como a queda na taxa de fecundidade e a desaceleração do crescimento populacional, também estarão no centro das discussões.
Segundo Pochmann, a relevância do evento se insere num cenário global em transformação, com o deslocamento do centro dinâmico das decisões do Ocidente para o Oriente, e do Norte para o Sul. Esse novo contexto geopolítico exige que países do Sul Global construam referências próprias e compatíveis com suas realidades. Para isso, torna-se urgente repensar metodologias estatísticas e formas de coleta e tratamento de dados, algo que países como China e Colômbia já têm feito com abordagens inovadoras.
O Brasil, que atualmente lidera blocos como Brics e Mercosul, tem sido protagonista na construção de uma agenda comum entre os institutos de estatística desses países. O IBGE já coordenou, por exemplo, a formulação de metodologias conjuntas no âmbito do G20 e tem atuado na integração de indicadores entre os países lusófonos e da América Latina.
Entre os objetivos do fórum, está a produção de subsídios técnicos que possam alimentar decisões de chefes de Estado e influenciar debates internacionais como a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP). Pochmann reforça que essa articulação deve caminhar lado a lado com a proteção da soberania dos dados, o que inclui medidas como o armazenamento das informações do IBGE em servidores públicos nacionais, como os do Serpro.
Ao colocar o Brasil no centro das discussões sobre o futuro dos dados e da estatística no Sul Global, o fórum simboliza uma virada estratégica: pensar o mundo a partir das margens, com as especificidades e demandas de quem historicamente esteve fora dos centros de decisão. A nova cartografia geopolítica desenhada por esse encontro não é apenas uma provocação visual, como no mapa invertido recentemente divulgado pelo IBGE — é um convite à reconstrução das bases do conhecimento e da governança global.
![]() |
Reprodução |
Com a presença de especialistas de mais de 30 países, Fortaleza sediará, entre os dias 11 e 13 de junho, o Triplo Fórum Internacional de Governança do Sul Global, no Centro de Eventos do Ceará na avenida Washington Soares, 999, no bairro Edson Queiroz. O evento, organizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o governo do Ceará e apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), pretende discutir indicadores fundamentais para o avanço de políticas públicas em saúde, educação, trabalho, meio ambiente e desigualdade. A participação é gratuita, e as inscrições seguem abertas até 8 de junho.
O encontro marca um momento importante na trajetória do IBGE, que completou 89 anos em maio e atualmente se destaca pela articulação internacional e pela liderança em processos de modernização estatística. De acordo com o presidente da instituição, Marcio Pochmann, o fórum será um espaço estratégico para debater os desafios que envolvem a integração de dados e a soberania informacional dos países em desenvolvimento, especialmente diante do avanço das tecnologias digitais e do domínio de big techs estrangeiras sobre informações sensíveis.
Pochmann destaca que o Brasil tem um papel fundamental nesse debate por dispor de uma das maiores e mais capilares estruturas estatísticas do mundo. O IBGE conta com cerca de 11 mil servidores, 566 agências e 27 superintendências espalhadas pelo território nacional. Além disso, atua como coordenador do Sistema Nacional Geoestatístico, com potencial para integrar dados de diferentes áreas, como saúde (DataSUS), assistência social (CadÚnico) e dados fiscais.
O fórum terá mais de cem conferencistas e discutirá cerca de 35 temas centrais, desde o impacto da digitalização sobre o trabalho juvenil até a reorganização dos direitos no ambiente doméstico, frequentemente invisibilizados nos sistemas tradicionais de mensuração. Questões ambientais, urbanas e demográficas, como a queda na taxa de fecundidade e a desaceleração do crescimento populacional, também estarão no centro das discussões.
Segundo Pochmann, a relevância do evento se insere num cenário global em transformação, com o deslocamento do centro dinâmico das decisões do Ocidente para o Oriente, e do Norte para o Sul. Esse novo contexto geopolítico exige que países do Sul Global construam referências próprias e compatíveis com suas realidades. Para isso, torna-se urgente repensar metodologias estatísticas e formas de coleta e tratamento de dados, algo que países como China e Colômbia já têm feito com abordagens inovadoras.
O Brasil, que atualmente lidera blocos como Brics e Mercosul, tem sido protagonista na construção de uma agenda comum entre os institutos de estatística desses países. O IBGE já coordenou, por exemplo, a formulação de metodologias conjuntas no âmbito do G20 e tem atuado na integração de indicadores entre os países lusófonos e da América Latina.
Entre os objetivos do fórum, está a produção de subsídios técnicos que possam alimentar decisões de chefes de Estado e influenciar debates internacionais como a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP). Pochmann reforça que essa articulação deve caminhar lado a lado com a proteção da soberania dos dados, o que inclui medidas como o armazenamento das informações do IBGE em servidores públicos nacionais, como os do Serpro.
Ao colocar o Brasil no centro das discussões sobre o futuro dos dados e da estatística no Sul Global, o fórum simboliza uma virada estratégica: pensar o mundo a partir das margens, com as especificidades e demandas de quem historicamente esteve fora dos centros de decisão. A nova cartografia geopolítica desenhada por esse encontro não é apenas uma provocação visual, como no mapa invertido recentemente divulgado pelo IBGE — é um convite à reconstrução das bases do conhecimento e da governança global.
Fonte: Sistema Paraíso