Mistério de “sereia” mumificada do século 18 chega perto do fim | Diário Sobralense News

Mistério de “sereia” mumificada do século 18 chega perto do fim

No Japão, uma equipe de pesquisadores está analisando os restos mortais do que seria uma sereia mumificada de quase 300 anos atrás. A suposta múmia estava guardada no templo Enjuin da cidade de Asakuchi, onde foi utilizada como um objeto de adoração. Conta-se que ela teria sido encontrada por um pescador japonês na costa do atual distrito de Kōchi entre os anos de 1736 e 1741.

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Foto: Reprodução

No templo, o artefato era interpretado como um símbolo de boa saúde: o sacerdote-chefe do local, Kozen Kuida, afirmou ao jornal Asahi Shimbun que as orações dirigidas à sereia tinham o objetivo de ajudar a aliviar a pandemia do novo coronavírus, mesmo que apenas um pouco. Takafumi Kato, paleontólogo da Universidade de Ciência e Artes de Kurashiki, convenceu o templo a ceder os restos aos cientistas.

Métodos da análise

É evidente aos pesquisadores que a sereia mumificada é um construto feito a partir dos restos de pelo menos dois animais diferentes — provavelmente um orangotango e um salmão. No dia 2 de fevereiro deste ano, os pesquisadores a submeteram a uma tomografia computadorizada, além de terem extraído amostras de DNA para descobrir quais espécies foram combinadas na fabricação. Os resultados da pesquisa devem sair ainda em 2022.

A criatura tem origem folclórica na mitologia japonesa: podemos comparar a múmia a um Amabie, por exemplo, que seria um tipo de sereia com um bico no lugar da boca e três barbatanas, ou a Ningyo, uma espécie de peixe com cabeça humana. Após ser supostamente pescada, a sereia em questão foi vendida a uma família influente da região, mas a jornada até o templo Enjuin é desconhecida.
Outras farsas arqueológicas.

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Não é a primeira vez que criaturas marítimas fabricadas são encontradas ou investigadas por aí. Em 2012, pesquisadores da Universidade de Lincoln investigaram um artefato conhecido como Sereia de Buxton e descobriram tratar-se de um peixe preso a um torso montado em madeira e fios metálicos. É provável que a suposta sereia tenha vindo do Japão ou, pelo menos, do leste asiático na metade do século 19.

A mais conhecida das lendas de sereias mumificadas é a Sereia de Fiji, adquirida e exibida pelo showman e empresário americano P. T. Barnum no século 19. Na ocasião, o artefato, também criado por um pescador japonês, era propagandeado como uma linda criatura que combinava o corpo de uma mulher com o de um peixe, o que era bem distante da realidade, já que se tratava dos restos mumificados de um macaco costurado à cauda de um peixe.

Sereia de papel machê da mesma coleção à qual pertenceu a sereia de Fiji, propriedade de Moses Kimball (Imagem: Daderot/Peabody Museum)

A origem das múmias não é coincidência: acredita-se que esse tipo de farsa surgiu como uma tentativa de pescadores da época de complementar sua renda, vendendo sereias falsas a quem acreditasse nas lendas, incluindo turistas ocidentais curiosos.

Fonte: The Asahi Shimbun; Live Science; BBC

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