Hospital Regional Norte: Doação de órgãos salva vidas e minimiza efeitos do luto
Mãe de uma criança com deficiência de nove anos, Maria (nome fictício), viu sua vida mudar completamente há cerca de três meses. Maria traba...

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Mãe de uma criança com deficiência de nove anos, Maria (nome fictício), viu sua vida mudar completamente há cerca de três meses. Maria trabalha na área da saúde quando percebeu a filha com muitas náuseas em casa conduzindo-a imediatamente ao hospital. Após algumas horas a criança teve uma parada cardiorrespiratória sendo transferida em estado grave para o Hospital Regional Norte (HRN), da rede pública do Governo do Ceará, administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
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O prognóstico não era bom, a menina passou por uma reanimação difícil e fora internada na UTI Pediátrica do HRN. 13 dias depois, a criança acabou não resistindo. “Depois que os médicos confirmaram a morte encefálica, Deus me iluminou com o dom da caridade. Ajudar alguém não é só dar uma roupa usada ou comida, é o dom da vida, amar ao próximo como a si mesmo. E em um momento de dor, eu sabia que poderia ajudar outras famílias para que seus filhos tivessem a chance de ser curados através de um transplante”, ressalta a mãe. Da menina foram doados os rins, as córneas e o fígado.
Com a doação, Maria sente que sua filha continua viva em outras crianças. “Ela foi minha primeira filha. Meu sonho era ser mãe e a gente só conhece o amor depois da maternidade. Esse amor que eu tinha se espalhou e sei que de alguma forma ela ganhou novas famílias, eu novos filhos, mesmo que nunca saiba quem são”, diz.
A mãe conta ainda que no primeiro momento sua família foi contra o processo de doações de órgãos. Porém, ela acreditava que a iniciativa podia salvar outras crianças. “O hospital foi muito receptivo e acolhedor e não faltou nada para a gente. O meu marido acabou concordando com a doação e agora toda a família defende a causa da doação de órgãos”, ressalta.
CIHDOTT
O HRN conta com a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) há mais de cinco anos. A comissão é formada por uma equipe multiprofissional de médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, médicos da emergência e UTI, além de serviços secundários de Imagem e Laboratório. A finalidade da comissão é organizar institucionalmente rotinas e protocolos que possam possibilitar o processo da doação de órgãos e tecidos aos pacientes que aguardam por um transplante.
Sensibilização das famílias
O coordenador da CIHDOTT e médico intensivista, Francisco Olon Leite Júnior, explica que o processo de sensibilização no HRN para a doação de órgãos não é voltado apenas aos pacientes de transplante e nem focado em um momento só, mas acontece desde a chegada ao hospital.
“Percebemos que o acolhimento dá resultado quando ele é feito da mesma forma para todos os pacientes que chegam graves ao hospital. Quando o paciente é bem recebido na emergência e a família acolhida, reflete diretamente na decisão dos familiares”, destaca.
O especialista explica que o diagnóstico de morte encefálica é demorado e exige exames clínicos realizados por dois ou três médicos, além de um exame complementar de eletroencefalograma, que é conduzido em parceria com a Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) e a Central de Transplantes do Governo do Estado.
“Quando eventualmente o paciente evolui para morte encefálica, procuramos dar assistência a essa família em todas as fases do diagnóstico. O objetivo é dar o diagnóstico de morte encefálica, que é um direito da família e uma obrigação médica independente da questão da doação”, explica.
Fechado o diagnóstico, a equipe multiprofissional da CIHDOTT realiza uma entrevista com a família e tem início o processo de doação. “A doação é uma consequência; focamos no suporte da família que está com a perda. Explicamos que é um direito da família a doação e que o paciente está em óbito, mas o corpo está sendo mantido por aparelhos e drogas com alguns órgãos ainda funcionando”, ressalta.
O médico completa ainda. “Muitas famílias que doam se sentem melhores emocionalmente por saberem que uma parte do seu ente querido pode estar vivendo em outra pessoa e que eles podem estar ajudando outra pessoa e isso faz diminui um pouco a dor do luto, da perda. Estamos beneficiando em primeiro lugar a família que doa, e, quando ocorre a doação, um outro grande benefício do transplante é salvar vidas ou melhorar a qualidade de vida das pessoas, reduzir a mortalidade”.
Expansão
O HRN capta prioritariamente fígado, rins e córneas para a Central de Transplantes do Governo do Estado, que funciona em Fortaleza. Em 2019, já foram cinco doadores até o mês de julho, com cinco fígados, oito córneas e dez rins captados. Em 2018, foram oito doadores efetivos, contra cinco doadores em 2017. “Temos um crescimento importante na doação. Acreditamos que vem reduzindo a negativa familiar”, avalia o especialista.
O HRN foi um dos hospitais convidados a participar do Projeto DONORS – Estratégias para otimizar a assistência aos potenciais doadores que consolida sua contribuição às ações do Sistema Nacional de Transplantes para otimizar a doação de órgãos no Brasil.
O projeto é uma parceria entre Hospital Moinhos de Vento (RS) e o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS).
O objetivo é traçar alternativas para preservar futuros doadores. “A segunda causa de perda de órgãos no Brasil, logo após a negativa familiar, é má manutenção dos possíveis doadores, quando o paciente não chega a captar órgãos devido ter uma parada cardíaca. Mantemos um padrão no HRN. Nunca perdemos nenhum paciente por parada”, completa.
Assessoria de Comunicação do HRN
Repórter/fotos: Teresa Fernandes
Arte gráfica: Jeorge Farias
Com a doação, Maria sente que sua filha continua viva em outras crianças. “Ela foi minha primeira filha. Meu sonho era ser mãe e a gente só conhece o amor depois da maternidade. Esse amor que eu tinha se espalhou e sei que de alguma forma ela ganhou novas famílias, eu novos filhos, mesmo que nunca saiba quem são”, diz.
A mãe conta ainda que no primeiro momento sua família foi contra o processo de doações de órgãos. Porém, ela acreditava que a iniciativa podia salvar outras crianças. “O hospital foi muito receptivo e acolhedor e não faltou nada para a gente. O meu marido acabou concordando com a doação e agora toda a família defende a causa da doação de órgãos”, ressalta.
CIHDOTT
O HRN conta com a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) há mais de cinco anos. A comissão é formada por uma equipe multiprofissional de médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, médicos da emergência e UTI, além de serviços secundários de Imagem e Laboratório. A finalidade da comissão é organizar institucionalmente rotinas e protocolos que possam possibilitar o processo da doação de órgãos e tecidos aos pacientes que aguardam por um transplante.
Sensibilização das famílias
O coordenador da CIHDOTT e médico intensivista, Francisco Olon Leite Júnior, explica que o processo de sensibilização no HRN para a doação de órgãos não é voltado apenas aos pacientes de transplante e nem focado em um momento só, mas acontece desde a chegada ao hospital.
“Percebemos que o acolhimento dá resultado quando ele é feito da mesma forma para todos os pacientes que chegam graves ao hospital. Quando o paciente é bem recebido na emergência e a família acolhida, reflete diretamente na decisão dos familiares”, destaca.
O especialista explica que o diagnóstico de morte encefálica é demorado e exige exames clínicos realizados por dois ou três médicos, além de um exame complementar de eletroencefalograma, que é conduzido em parceria com a Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) e a Central de Transplantes do Governo do Estado.
“Quando eventualmente o paciente evolui para morte encefálica, procuramos dar assistência a essa família em todas as fases do diagnóstico. O objetivo é dar o diagnóstico de morte encefálica, que é um direito da família e uma obrigação médica independente da questão da doação”, explica.
Fechado o diagnóstico, a equipe multiprofissional da CIHDOTT realiza uma entrevista com a família e tem início o processo de doação. “A doação é uma consequência; focamos no suporte da família que está com a perda. Explicamos que é um direito da família a doação e que o paciente está em óbito, mas o corpo está sendo mantido por aparelhos e drogas com alguns órgãos ainda funcionando”, ressalta.
O médico completa ainda. “Muitas famílias que doam se sentem melhores emocionalmente por saberem que uma parte do seu ente querido pode estar vivendo em outra pessoa e que eles podem estar ajudando outra pessoa e isso faz diminui um pouco a dor do luto, da perda. Estamos beneficiando em primeiro lugar a família que doa, e, quando ocorre a doação, um outro grande benefício do transplante é salvar vidas ou melhorar a qualidade de vida das pessoas, reduzir a mortalidade”.
Expansão
O HRN capta prioritariamente fígado, rins e córneas para a Central de Transplantes do Governo do Estado, que funciona em Fortaleza. Em 2019, já foram cinco doadores até o mês de julho, com cinco fígados, oito córneas e dez rins captados. Em 2018, foram oito doadores efetivos, contra cinco doadores em 2017. “Temos um crescimento importante na doação. Acreditamos que vem reduzindo a negativa familiar”, avalia o especialista.
O HRN foi um dos hospitais convidados a participar do Projeto DONORS – Estratégias para otimizar a assistência aos potenciais doadores que consolida sua contribuição às ações do Sistema Nacional de Transplantes para otimizar a doação de órgãos no Brasil.
O projeto é uma parceria entre Hospital Moinhos de Vento (RS) e o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS).
O objetivo é traçar alternativas para preservar futuros doadores. “A segunda causa de perda de órgãos no Brasil, logo após a negativa familiar, é má manutenção dos possíveis doadores, quando o paciente não chega a captar órgãos devido ter uma parada cardíaca. Mantemos um padrão no HRN. Nunca perdemos nenhum paciente por parada”, completa.
Assessoria de Comunicação do HRN
Repórter/fotos: Teresa Fernandes
Arte gráfica: Jeorge Farias